De acordo com novas investigações, o resplendor dos céus noturnos tem crescido em média 10% a cada ano, o que é notavelmente mais alto em comparação com as estimativas feitas com os dados de satélite, que indicam um incremento anual de aproximadamente 2%.
Em outras palavras, a contaminação luminosa – que dificulta o sono e muitas atividades cotidianas para as pessoas e outras formas de vida – aumentou a um ritmo muito mais acelerado do que o esperado. Além disso, à medida que o uso de lâmpadas LED se espalhou por todo o planeta, os satélites geralmente usados para monitorar essa poluição luminosa não foram capazes de acompanhar essa mudança.
Sabemos que, devido à poluição luminosa causada pelo homem, a intensidade de luz no céu noturno aumenta a cada oito anos. Assim, se uma criança nasce em um local onde 250 estrelas são visíveis à noite, ela só poderá ver 100 dessas estrelas ao completar 18 anos.
Dezenas de milhares de observadores de estrelas em todo o mundo colaboraram na divulgação da descoberta publicada no dia anterior na revista Science. Os cientistas amadores conseguiram suprir a lacuna que o satélite deixou ao não poder detectar os LEDs, que se mostraram como um grande contribuinte para o impasse.
Uma criança nascida em uma localização onde 250 estrelas são observáveis ao escurecer, só seria capaz de distinguir 100 delas no momento de completar os 18 anos de idade.
A discrepância está relacionada à incapacidade dos satélites mais velhos de detectar luzes LED, que se tornaram predominantes nos últimos dez anos ou mais. Os LEDs oferecem economia e eficiência energética, levando à sua substituição de lâmpadas menos eficientes em muitos lugares. Além disso, a acessibilidade da tecnologia também permitiu que muitos locais ao ar livre fossem iluminados à noite, que antes não eram alcançados pela luz.
Gerações passadas de LEDs costumavam produzir luz na parte azul do espectro, mesmo sendo chamada de “branca”. Esta luz dispersa-se melhor ao longo do nosso céu, porém, com comprimentos de onda mais curtos do que os satélites antigos não conseguem detectar.
Em contraste, os seres humanos têm maior sensibilidade aos curtos comprimentos de onda da luz laranja do que aos comprimentos de onda mais longos. Este novo artigo é resultado de 51.351 observações realizadas por civis entre 2011 e 2022, em um programa da National Science Foundation intitulado “Globe at Night”.
A pesquisa pediu que as pessoas avaliassem a luminosidade do céu comparando-o a mapas estelares. No entanto, a maior parte dos dados foi recolhida da América do Norte e da Europa, o que pode resultar em uma séria subestimação do problema, pois não há informação de países em vias de desenvolvimento onde a poluição luminosa está a aumentar de forma constante.
Existem numerosas formas pelas quais a poluição afeta a vida na Terra, inclusive nossa própria. A luz intensa pode interferir na produção de melatonina, a hormona que regula nosso sono. Estudos comprovam que ter menos sono tranquilo pode aumentar a probabilidade de desenvolver doenças crônicas.
Quanto ao meio ambiente, os casos de contaminação estão se tornando cada vez mais comuns.
- A procura por diminuir a contaminação luminosa e trazer de volta as estrelas para Pittsburgh.
- A observação das estrelas no Reino Unido tem sido mais impressionante nos últimos dez anos.
- Infelizmente, a iluminação LED pode ter consequências prejudiciais para a saúde.
- As lâmpadas de rua estão tendo um efeito desfavorável à polinização, pois os insetos estão sendo desviados.
As luminárias artificiais podem interferir na polinização, pois podem atrair ou assustar os insetos, o que pode prejudicar a agricultura. Os pássaros podem ter dificuldade para se orientar por causa da luz estelar, que é mais difícil de se ver em céus noturnos muito brilhantes. A poluição luminosa dificulta que os bombeiros enviem sinais uns aos outros usando sua própria luz e pode afetar os coiotes, que uivam mais alto em noites de lua nova.
Existem soluções relativamente fáceis para lidar com os problemas criados por excesso de luzes brilhantes a noite. Detectores de movimento podem apagar ou diminuir a luz quando não há ninguém por perto que as precise. Luzes LED mais modernas que não são tão azuis podem substituir as antigas. O Reino Unido experimentou uma redução na poluição da luz durante a pandemia, pois os escritórios não mantiveram suas luzes acesas à noite. Além disso, novas gerações de satélites são capazes de acompanhar melhor a poluição da luz do mundo, mas, apesar de sabermos o que fazer, as ações não têm acompanhado a velocidade e a escala do problema, de acordo com o novo estudo.
Fabio Falchi e Salvador Bará aconselham que nós, seres humanos, devemos rever nosso medo das luzes das cidades. Refletindo sobre a nova pesquisa apresentada na Ciência, eles disseram ao jornal: “Não percebemos que são imagens de poluição”. É como admirar o arco-íris produzido pela gasolina na água e não perceber que é poluição química.