O futuro elétrico da Ford está sendo financiado por seus enormes caminhões e SUVs, bem como os pequenos veículos “gafanhotos”.
Esse desenvolvimento deu alívio à inanição esta semana, quando a Blue Oval apresentou seus resultados do segundo trimestre, mostrando prejuízos de US$ 1,1 bilhões antes de juros e impostos em seu ramo de atividade EV, mais do que o dobro de quanto perdeu no mesmo período do ano anterior.
Compare os lucros da Ford na venda de caminhões a gás e híbridos com os de SUVs: US$ 2,3 bilhões antes de juros e impostos. Além disso, as vendas de veículos comerciais geraram um rendimento satisfatório de US$ 2,4 bilhões para o trimestre.
Ford teve prejuízo de 1,1 bilhões de dólares em sua área de veículos elétricos nesse trimestre.
Já se passaram mais de doze meses desde que a Ford dividiu sua empresa em duas corporações distintas – uma voltada para veículos elétricos, denominada Ford Modelo, e outra para motores a combustão, conhecida como Ford Blue.
Jim Farley, CEO da Ford, apontou a necessidade de se movimentar para que a empresa pudesse competir com outras, como a Tesla, que se concentram apenas em um tipo de tecnologia de veículos. Ele também observou que, por enquanto e possivelmente por muitos anos, o lucrativo lado Ford Blue do negócio seria o que financiaria o desenvolvimento do lado Model da empresa.
Fabricar veículos elétricos tem um custo alto. Além de modernizar as instalações da Ford, a empresa também está desenvolvendo várias novas fábricas: uma usina de bateria de 3,5 bilhões de dólares em Marshall, Michigan; duas unidades adicionais de baterias em Kentucky; e um grande campus de montagem de veículos no Tennessee, o qual, em conjunto, custará US$ 11,4 bilhões (um gasto que a Ford está dividindo com a SK Innovation).
A Ford anuncia que os custos continuam a subir. A companhia prevê que vai acabar perdendo um total de US$ 4,5 bilhões em suas operações de veículos elétricos até o final de 2023, um número superior ao estimado anteriormente de US$ 3 bilhões.
Apesar de a transição para veículos elétricos estar incontestavelmente em curso, as últimas semanas nos revelaram que a implementação inicial pelos consumidores será um pouco mais tardia do que o previsto, declarou o diretor financeiro da Ford, John Lawler, durante uma chamada com investidores.
Fabricar carros elétricos é dispendioso e complicado.
Embora Ford esteja reduzindo preços em seus veículos elétricos para competir com Tesla, o desenvolvimento e a fabricação têm sido mais lentos do que o previsto. Como resultado, a empresa adiou seu objetivo de 600.000 EVs até o final de 2024, em vez do final de 2021. A demanda também diminuiu, pois os novos veículos elétricos ficam parados nos lotes de concessionárias sem serem vendidos.
Existe muito trabalho a fazer para a Ford mudar totalmente para veículos elétricos. A decisão da empresa de se juntar à iniciativa da Tesla e de adotar o NACS (Norte-Americano Padrão de Carregamento) para seu futuro portfólio pode ajudar a tranquilizar aqueles compradores que estavam preocupados com o carregamento. Novos modelos – a Ford, atualmente, tem apenas dois modelos elétricos, o Mustang Mach-E e o F-150 Lightning – também devem atrair novos consumidores.
No entanto, a Ford necessita vender veículos grandes, que emitem gases poluentes, para as comunidades, contribuindo para o aquecimento global, a fim de gerar renda para investir em veículos de emissão zero. Esta é a realidade triste da indústria automobilística.