Milhares de cidades em todo o planeta poderiam se abastecer de energia renovável produzida localmente, utilizando painéis solares que flutuam em lagoas ou lagos, de acordo com novas descobertas. Essa é uma solução relativamente fácil e prática, pois além de gerar energia limpa, também protege a água.

Os painéis solares flutuantes têm funcionamento similar aos instalados no solo. Eles são colocados em barcos, em vez de estacionamentos ou telhados. No entanto, poucos países adotaram esta tecnologia emergente. Em 2020, eles geraram tão pouca eletricidade quanto menos de 1% das fazendas solares terrestres. Um novo estudo publicado na revista Nature Sustentabilidade examina o potencial de uso desta tecnologia em cidades.

Quando a questão é encontrar soluções rápidas para o aquecimento global, painéis solares flutuantes são a resposta.

Um grupo de cientistas descobriu que 124 países possuem 6.256 cidades com reservatórios de água em seus arredores que seriam suficientes para atender a demanda de eletricidade com painéis solares. Eles concluíram que, na teoria, seria necessário apenas cobrir 30% da superfície dos lagos com flutuavoltaica para atender a essa demanda. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores examinaram 114.555 reservatórios em todo o mundo e modelaram a produção potencial de energia com base em dados climáticos reais.

Se os painéis flutuantes fossem usados para bloquear a luz solar, seria possível reduzir a quantidade de água que evapora. Isso resultaria em economias significativas, supostamente suficientes para abastecer cerca de 300 milhões de pessoas por ano (106 quilômetros cúbicos por ano). Esta medida seria particularmente benéfica, pois as mudanças climáticas têm contribuído para o aumento da frequência e gravidade de secas em várias partes do mundo, tornando os recursos hídricos cada vez mais escassos.

Quando se trata de lidar com o aquecimento global, painéis solares flutuantes marcam muitos pontos. Os droughts reduzem o fornecimento de energia proveniente de usinas hidroelétricas devido à queda dos níveis de água. Por sua vez, o calor intenso pode reduzir a eficiência dos painéis solares até 25%. Contudo, a água tem o efeito de resfriamento para prevenir que as células solares se aqueçam demasiado. Assim, com a combinação de usinas hidroelétricas e fazendas solares flutuantes, a geração de eletricidade pode ser aumentada durante os dias quentes de verão, quando mais eletricidade é exigida para ar condicionado.

Existe também outras vantagens práticas. Na terra, grandes plantas solares poderiam estar em competição com outras prioridades como agricultura ou preservação de habitats. No entanto, se os painéis fotovoltaicos forem instalados em reservatórios de água, essas disputas podem ser evitadas.

A fim de ter certeza, os desenvolvedores ainda necessitam avaliar cuidadosamente cada reservatório para limitar quaisquer efeitos nocivos. Se houver uma quantidade excessiva de painéis solares cobrindo o reservatório, isso pode causar uma diminuição no oxigênio da água, prejudicando assim os peixes. Com base em reservatórios artificiais em vez de lagos naturais pode ser uma alternativa menos prejudicial, de acordo com os estudos.

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O estudo mostrou a maior viabilidade para a geração de energia solar flutuante em áreas onde há pequenas populações vivendo próximas aos reservatórios de água. Estas comunidades têm menos de 50.000 habitantes, como Burlington, no Vermont, ou Harrisburg, na Pensilvânia. Apenas 15% das cidades pesquisadas com mais de 1 milhão de pessoas teriam a possibilidade de suprir toda a sua demanda por eletricidade usando somente fazendas solares flutuantes. Os Estados Unidos lideram os países com os reservatórios mais adequados para isso, seguidos pela China e o Brasil.

No mês de junho, o Exército dos Estados Unidos criou sua primeira usina solar flutuante na Fort Bragg, localizada na Carolina do Norte. Os painéis fotovoltaicos aquáticos são cada vez mais populares na Ásia. As imagens de satélite da NASA mostram a maior fazenda solar flutuante do mundo até o momento, que foi ligada no ano passado na província de Shandong. A Coreia do Sul também tem mais de 92.000 painéis solares formando a forma de flores de ameixa, flutuando no topo de um reservatório de 12 milhas de comprimento, no condado de Hapcheon.

Quanto ao meio ambiente, os episódios de degradação se tornam cada vez mais comuns.

  • O Exército dos Estados Unidos instalou sua primeira planta solar flutuante.
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