A Google vem trabalhando em conjunto com o Breakthrough Energy, fundo de investimento climático da American Airlines e de Bill Gates, a fim de traçar rotas de voo mais eficientes. O intuito é ajudar pilotos a reduzirem os impactos dos voos no clima, evitando rotas que causam contrails, aquelas manchas brancas no céu que os aviões às vezes deixam para trás.

Utilizando tecnologia de satélites e Inteligência Artificial, foi possível criar um método para prever os locais onde os contrails se formam com maior frequência. Isto dá aos pilotos a oportunidade de desviar destes pontos para reduzir o impacto da aviação no aquecimento global, visto que os contrails respondem por 35% no aquecimento global da aviação.

Contrariamente às alegações dos teóricos da conspiração, as trilhas de condensação não são “carretas”, mas sim nuvens artificiais. Estas formam-se quando o vapor de água condensa à volta de fuligem ou outras partículas emitidas por um avião. A sua influência no clima é multifacetada, podendo reter o calor, mas também reflectir luz solar para o espaço, num efeito de arrefecimento. No entanto, como não há luz solar para reflectir durante a noite, não existe mais aquecimento do que arrefecimento.

É como se um plano de voo de grandes proporções estivesse dizendo: ‘Observa, aeronaves operando nesta altura deverão realizar uma curva inversa. Portanto, não devemos voar nenhum veículo aéreo nessa região.’

Para reduzir os efeitos da formação de nuvens, os aviões podem tentar voar para áreas menos úmidas. Isso não requer desvio do curso; uma mudança na altitude de voo podem fazer toda a diferença. Para isso, os pilotos precisam detectar a localização da umidade e evitá-la.

É aí que os recém-criados mapas de previsão de contrails do Google e Breakthrough podem ser úteis. A equipe de pesquisa precisou passar por milhares de imagens de satélite para detectar e identificar contrails. Eles usaram esses dados para ensinar uma tecnologia de visão computacional para detectar contrails em imagens de satélite. Após a adição de mais informações meteorológicas e de voo, os pesquisadores desenvolveram um modelo que prevê quando e onde os contrails podem se formar.

É como um grande mapa que está dizendo: ‘Veja, os aviões que estão voando nesta altitude farão uma mudança de direção. Então, não devemos ter nenhum avião por ali”, disse o engenheiro de software do Google, Scott Geraedts, em um vídeo que a empresa publicou juntamente com um post de blog ontem.

Durante seis meses, os pilotos da American Airlines realizaram 70 testes de voo com os mapas. “Foi muito fácil e intuitivo. Já precisamos alterar nossas altitudes várias vezes para evitar turbulências, então isso é uma situação muito parecida”, afirmou Deborah Hecker, diretora de operações de voo da American Airlines.

Os cientistas confrontaram imagens de satélite de esses testes de vôo com outros que não tiveram tais iniciativas. Encontraram que os voos de teste reduziram os contrails em 54%. Isto dá sinais de que alterar os trajetos de voo é uma maneira que a aviação pode enfrentar a mudança climática, enquanto que menos aeronaves e combustíveis são ainda desenvolvidos.

Testes de voo mostraram que o consumo de combustível foi de 2% a mais, evitando contrails. Embora a quantidade extra de combustível não seja significativa na frota inteira de uma companhia aérea – aproximadamente 0,3%, de acordo com o Google -, alguns voos precisariam se ajustar para prevenir contrails. Esta alteração acarretará em custos de US$ 5 a US$ 25 para obter um benefício climático semelhante a evitar uma tonelada de dióxido de carbono emitido.

Ainda de acordo com o New York Times, a empresa do Google apresentou sua pesquisa para uma revista científica. Esta foi apenas uma pequena experiência e, de acordo com um comunicado da American Airlines, mais pesquisas precisam ser realizadas para determinar se essa experiência pode ser ampliada. Contudo, a pesquisa do Google ainda deve passar por um processo de avaliação por pares.

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